segunda-feira, 12 de maio de 2014


 AVANÇOS NO ESTUDO DE IDIOFONES[1]

 

Mário Biriate[2]

Durante muito tempo, a pesquisa sobre idiofones foi ocupada por um número limitado de tópicos (fonologia, simbolismo, som e morfossintaxe). No entanto, para se desenvolver uma compreensão completa de idiofones, precisamos tomar em conta os seus ricos significados sensoriais, seus usos interacionais, e seu lugar na mais ampla ecologia linguística e cultural.

1.      Definição

Os idiofones provaram ser palavras fáceis de identificar, mas difíceis de definir. A mais comum

definição de idiofones ainda é a caracterização semântica de Doke (1935), que era porém conscientemente limitando a línguas bantu e que sofre de vários outros limitações. Embora nem em todos os idiomas manifestem na mesma medida, os ideofones são uma característica universal ou quase universal da linguagem humana. Uma definição mais geral, é a proposta por Dingemanse (2011a: 25), quando define como sendo palavras marcadas que retratam imagens sensoriais. Outras terminologias para identificar “idiofones (nome comum) São: “expressivas” e “miméticas".

 

2.      Forma

Os Idiofones são palavras visíveis. A maioria dos idiofones em uma dada língua apresenta os fonemas regulares da mesma. Os idiofones são feitos do mesmo material que palavras normais - o material do discurso - mas esse material é usado de uma maneira diferente.

 

2.1.  PORQUE idiofones são marcados

Foi colocada uma série de propostas sobre este assunto, como as de: “COMPLEXIDADE” (complexidade semântica e complexidade estrutural) por Klamer (2002), “icônicos” por Diffloth (1980:50), entre outras. De um modo geral, podemos distinguir idiofones de palavras comuns por causa de seu uso de material verbal (formas marcadas em relação às palavras comuns) e por causa do seu primeiro plano performativo (colocando-os para além da envolvente material de fala descritiva).

2.2. COMO idiofones retratam: MAPEAMENTOS icônica de forma e significado

Westermann (1927, 1937) descobriu que os tons altos, vogais leves e consoantes não vozeadas eram pronunciados com pequenez, clareza e velocidade, e que os tons baixos, vogais escuras e consoantes sonoras eram pronunciados com tamanho grande, embotamento e lentidão. Ele também observou que fatores como reduplicação, o tom, a qualidade de vogal, quantidade vogal, e tensão muscular de consoantes apareciam a colidir com os significados de idiofones. Por sua vez, Diffloth (1972, 1976, 1980, 1994), descobriu que idiofones não empregam simbolismo apenas acústico, mas também simbolismo articulatório.

Os mapeamentos de forma significava encontrados em idiofones dividem-se em três tipos não-exclusivos de iconicidade: (i) IMAGIC de iconicidade; (ii) GESTALT de iconicidade e (iii) RELATIVA de iconicidade.

 

3.      Significado

Os sistemas de idiofones apresentam grande variedade de sentidos em todas as línguas do mundo. O imaginário sensorial representado por idiofones abrange uma ampla gama de percepções, sensações e sentimentos. 

 

3.1.  TIPOLOGIA semântica de idiofones

A classificação da tipologia semântica dos idiofones é um desafio clássico. O caminho a seguir para a tipologia semântica de idiofones é a adopção de vários métodos, combinando lexicográfica detalhada e trabalho de campo.

3.2.   Uma hierarquia implicacional

Existe a seguinte hierarquia dos idiofones:

·         SOM<MOVIMENTO<Padrões visuais<OUTROS percepções sensoriais<INNER Sentimentos e estados cognitivos.

Essa hierarquização resultado, provavelmente, de uma interação de múltiplos fatores, incluindo, pelo menos, os nossos sistemas sensoriais, a natureza da entrada sensorial do meio ambiente, e da semiótica de representar imagens sensoriais na fala.

 

4.      Uso

Os idiofones são um tipo de "registo de linguagem informal". É necessário um esforço concertado de pesquisa para construir um entendimento inter-linguístico dos usos dos idiofones. Há necessidade de olhar para além de monólogos narrativos para formas especiais de falar e para a incorporação na língua em uso, e descobrir como idiofones são usadas para compartilhar experiências perceptivas e resolver questões de provas e primazia epistêmica.

 

De forma geral, fica clara a presença de idiofones em quase todos os idiomas, uma classe de palavras marcadas que representam imagens sensoriais, que tem seu  perfil distinto em todas as línguas e, no entanto, tem propriedades gerais que transcendem as particularidades. 



[1]  Mark Dingemanse.
[2] Mestrando em Linguística Bantu, Universidade Pedagógica de Moçambique-Delegação de Nampula (UPN).

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